Após UPP, imóveis ficarão 30% mais caros na Tijuca



Extra, Andréa Machado, 03/maio
Placas de "aluga-se" ou "vende-se" vão virar coisa rara nos prédios da Tijuca. Em janeiro, apenas com o anúncio de que o Morro do Borel - onde vivem cerca de 20 mil pessoas - seria ocupado por uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), a esperança de valorização do bairro, um dos mais tradicionais do Rio, já se espalhou. E, com a efetiva instalação da polícia no local, os efeitos das mudanças começam a ser sentidos. Principalmente no setor imobiliário, que prevê uma valoração inicial de 30% para os imóveis da região.
- Na ocasião do anúncio da instalação, já houve uma especulação. E com a concretização da UPP, os preços aumentaram. Imóveis que estavam aguardando venda agora serão vendidos - afirmou Lavôr Luiz, delegado do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci-RJ) e membro do Conselho Comunitário de Segurança. Corretores de imóveis que trabalham na Tijuca acreditam que ruas da Usina e da Muda serão as mais beneficiadas com a expansão imobiliária que deve acontecer no bairro. Um apartamento de três quartos, por exemplo, que antes valia RS 120 mil, poderá ser vendido, a partir de agora, 25% mais caro, por R$ 150 mil, acredita Lavôr.
Áreas beneficiadas As ruas da Cascata, Conde de Bonfim (trecho depois da Rua Garibaldi, em direção ao Alto da Boa Vista), Pinheiro da Cunha, Embaixador Ramon Carcano, Santa Carolina, São Miguel, Barão de Itapagipe, São Rafael, General Espírito Santo Cardoso e Avenida Maracanã (trecho próximo à Praça Xavier de Brito) serão as mais beneficiadas, acreditam os corretores do bairro. Os reflexos da sensação de segurança, trazida pelas UPPs, não ficarão restritos apenas à Tijuca. Em bairros vizinhos, como Vila Isabel, a valorização imobiliária já começou.
Uma unidade que está à venda na Miguez Imobiliária e que custava R$ 140 mil já teve seu preço reajustado em 10,7%, chegando a R$ 155 mil no fim do mês passado. E a tendência, garantem os corretores, é só aumentar. Imobiliárias preveem aumento Nas imobiliárias da Tijuca a certeza é uma só: os preços dos imóveis já estão subindo. - E quando as pessoas virem que a PM vai ficar de vez no morro, elas vão se movimentar ainda mais - destacou Kátia Coelho, corretora da Julio Bogoricin. Gerente de vendas da Impacto Imobiliário, Renato Paixão contou que a primeira coisa que um cliente pergunta é se o imóvel tem vista para comunidades:
- O medo não é da comunidade em si, mas de vir uma bala perdida. Apartamentos perto das comunidades não chegam a R$ 80 mil, mas, na verdade, eles poderiam valer duas vezes mais se estivessem em outro local. Pesquisa do Sindicato da Habitação constatou uma valorização de até 148,89% nos valores de locação e de 59,41% nos de venda de imóveis em bairros beneficiados pelas UPPs na Zona Sul do Rio.