Em 4 meses, ruas do Rio ganharam 15% a mais de carros novos

À BEIRA DO COLAPSO


Publicada em 10/05/2010 às 23h16m
Jacqueline Costa - O Globo - 10/05/2010
    RIO - Não é difícil perceber que as principais vias do Rio estão à beira de um colapso, com o aumento contínuo de veículos nas ruas - e a sequência de acidentes, como o engavetamento na Ponte Rio-Niterói que causou um congestionamento de mais de 20 quilômetros, na manhã desta segunda-feira. Em 2001, segundo o Detran, a frota na capital era de 1.693.713, enquanto hoje são 2.295.495. O número de emplacamentos de carros novos é outro indicativo de saturação. Nos quatro primeiros meses de 2009 foram despejados nas ruas 46.559 veículos, enquanto que, de janeiro a abril de 2010, foram 54.825 - um aumento de mais de 15%. Segundo o engenheiro de transportes Fernando Mac Dowell, somente entre 2003 e 2009 a frota cresceu 22,2%, incorporando 410 mil veículos.
    (Por que a população prefere sair às ruas de carro?)
    O major José Mauro Farias, da Coordenadoria de Vias Especiais da CET-Rio, afirma que a Avenida Brasil e a Linha Vermelha estão no limite:
    - A Linha Vermelha está extremante pesada, mesmo sem caminhões. São de 120 mil a 130 mil carros por dia. Na Avenida Brasil, em 2000 passavam de 100 mil a 120 mil carros por dia. Hoje não se pensa em menos de 210 mil. As duas têm tráfego pesado o dia inteiro, a qualquer dia da semana e a qualquer hora do dia e da noite.
    Projetado para um volume de 76 mil veículos por dia em 1967, o Túnel Rebouças hoje recebe 190 mil. Na Linha Amarela, por onde, em 2003, passavam 320 mil veículos por dia, fechou 2009 com 380 mil. O crescimento de 2010 sobre 2009 já é de 2,7%. A concessionária Lamsa monta uma verdadeira operação de guerra, proibindo caminhões nas horas de pico e operando reversível.
    Grande Rio não tem plano de contingência
    A Secretaria estadual de Transportes informou que não há um plano de contingência para o Grande Rio. Os planos existem apenas no âmbito de cada concessionária. O secretário de Transportes de Niterói, Sérgio Marcolini,sugeriu que os moradores deixem o carro em casa e usem as barcas. A Barcas S.A. informou que planeja alugar embarcações tão logo seja feita a revisão do contrato de concessão com o governo do estado. Elas vão operar até a chegada das novas barcas que serão compradas para a ligação Niterói-São Gonçalo.
    A construção de uma barca demora em média dois anos. Segundo a empresa, o contrato de concessão determina que sejam transportados até dez mil passageiros nos horários de pico. Com o emprego de três barcas tradicionais nos horários de rush, a concessionária consegue transportar até 13 mil pessoas. Nos últimos dois anos, o número de passageiros/dia subiu de 70 mil para 90 mil.