O Globo Barra, Flávia Milhorance, 09/mai
Se a Barra da Tijuca já figura entre os territórios mais proeminentes da especulação imobiliária no Rio de Janeiro, o bairro ganhou novo título: o de campeão no número de unidades comerciais lançadas. Das 3.487 ofertadas em toda a cidade em 2009, 2.712, ou 78% do total, são na Barra, de acordo com a Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro (Ademi-RJ).
No mesmo ano, o número de lançamentos comerciais na área de Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Recreio ainda superou o de residências, que totalizou 828 unidades.
- O índice deste ano foi exceção - avalia o conselheiro da Ademi, Paulo Fabriani. - Mas isso mostra que na região já se desenvolvem polos de urbanismo autossustentáveis, exatamente para reter as pessoas.
Ainda segundo Fabriani, o fenômeno ocorre por fatores como o transporte precário e o esgotamento de áreas como a Zona Sul, que abrange 12 milhões de metros quadrados.
Para se ter uma ideia do potencial da região, juntos, Barra, Jacarepaguá e Recreio somam 320 milhões de metros quadrados.
A dificuldade de locomoção foi a principal motivação para a mudança de endereço da empresa de treinamentos profissionais Dale Carnegie Trainning.
- Já fiz os cálculos e constatei que, a cada quatro dias de trabalho no Centro do Rio, eu perdia um dia inteiro no trânsito. Levava pelo menos duas horas por dia no carro antes da mudança; hoje levo oito minutos - conta, satisfeito, o diretor da companhia, Antônio Luís Mendes, morador da Barra há 16 anos.
Mendes também escolheu a região para estabelecer seu escritório recém-inaugurado por uma questão mercadológica.
- Muitas empresas, se não a maioria do meu públicoalvo, já estão na Barra - explica o diretor da Dale Carnegie, que tem negócios com companhias como o Projac, da TV Globo, e indústrias farmacêuticas.
Já a Lopes Construtora, além de ter empreendimentos comerciais lançados na região (Barra Brookfield, Barra Prime e Barra Business), escolheu o bairro para se estabelecer após uma pesquisa de mercado.
- Tínhamos um pequeno escritório aqui desde 2006, porque na época a região já apontava para a expectativa de bons negócios pelos 20 anos seguintes. Mas, com o anúncio dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio, decidimos, em 2009, inaugurar nossa sede definitiva na área - explica Romário Fonseca, o diretor da empresa, que pulou de cerca de 450 corretores para 850 após a troca de sede, e deverá ter mais 150 até o fim deste mês.