21/10/2012 - O Globo
Via expressa, com infraestrutura e rede de serviços já existentes, mas que podem ser melhoradas, poderia abrigar novos programas urbanísticos e habitacionais
Ao anunciar que pretende desapropriar a área da Refinaria de Manguinhos e ali implantar um projeto habitacional, o governador Sérgio Cabral pode ter reaberto uma discussão vital para o desenvolvimento urbanístico do Rio. Polêmicas à parte sobre a viabilidade de Cabral conseguir de fato levar à frente a ideia, Manguinhos está no circuito do que pode ser um programa com potencial para mudar radicalmente o modo de ocupação da cidade e de sua região metropolitana: a transformação da Avenida Brasil, e seu entorno imediato, num vasto corredor de bairros populares formais.
A alternativa não é nova. Um estudo do Sindicato da Construção Civil (Sinduscom) propõe, há anos, o projeto de bairros populares ao longo da via, amparado por circunstâncias que se juntam para viabilizar a ideia: a Avenida Brasil liga as imediações do Centro da cidade, pela Zona Portuária, ao subúrbio através de uma rede de infraestrutura e de serviços (transportes, ramais ferroviários, rede de energia elétrica, abastecimento de água, imóveis que podem ter sua destinação revista e amplas áreas para novas construções) que, modernizada, daria o suporte necessário aos moradores desses novos distritos. Adicionalmente, o Rio vive um momento de transformações urbanísticas que preveem melhorias no sistema viário dessa grande artéria, como a construção do BRT Transbrasil, um vital desafogo para a atualmente crítica ligação do Rio com a Baixada Fluminense.
Hoje, a Avenida Brasil é um degradado corredor expresso de 58 quilômetros, distribuídos por 27 bairros. Nessa que é a mais importante via expressa do Rio e a maior avenida em extensão do país, estende-se um desanimador exemplo de mau aproveitamento urbanístico. O corredor viário está saturado pela falta de planejamento do transporte coletivo, com linhas de ônibus que se superpõem em trechos mais valorizados e demandas de frequência em zonas menos atraentes. A malha ferroviária tem potencial para melhorar a oferta de serviços, um objetivo a ser equacionado. Mantê-la num estado de sub-aproveitamento é uma contradição com os planos de realinhamento urbanístico da cidade.
Estudos indicam que o projeto de bairros populares é viável - inclusive do ponto de vista financeiro, graças a linhas de crédito disponíveis e melhoria do perfil econômico da população. O Minha Casa, Minha Vida se soma ao Morar Carioca para viabilizar esses bairros. Por fim, aproveitar a vocação da via terá reflexos diretos em ações de desfavelização, com a transferência para essas regiões, mais bem servidas de serviços, de famílias que vivem em áreas de risco nos morros ou em locais inadequados. A discussão, portanto, extrapola os limites de Manguinhos. É mais ampla e diz respeito ao futuro do Rio.
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Via expressa, com infraestrutura e rede de serviços já existentes, mas que podem ser melhoradas, poderia abrigar novos programas urbanísticos e habitacionais
Ao anunciar que pretende desapropriar a área da Refinaria de Manguinhos e ali implantar um projeto habitacional, o governador Sérgio Cabral pode ter reaberto uma discussão vital para o desenvolvimento urbanístico do Rio. Polêmicas à parte sobre a viabilidade de Cabral conseguir de fato levar à frente a ideia, Manguinhos está no circuito do que pode ser um programa com potencial para mudar radicalmente o modo de ocupação da cidade e de sua região metropolitana: a transformação da Avenida Brasil, e seu entorno imediato, num vasto corredor de bairros populares formais.
A alternativa não é nova. Um estudo do Sindicato da Construção Civil (Sinduscom) propõe, há anos, o projeto de bairros populares ao longo da via, amparado por circunstâncias que se juntam para viabilizar a ideia: a Avenida Brasil liga as imediações do Centro da cidade, pela Zona Portuária, ao subúrbio através de uma rede de infraestrutura e de serviços (transportes, ramais ferroviários, rede de energia elétrica, abastecimento de água, imóveis que podem ter sua destinação revista e amplas áreas para novas construções) que, modernizada, daria o suporte necessário aos moradores desses novos distritos. Adicionalmente, o Rio vive um momento de transformações urbanísticas que preveem melhorias no sistema viário dessa grande artéria, como a construção do BRT Transbrasil, um vital desafogo para a atualmente crítica ligação do Rio com a Baixada Fluminense.
Hoje, a Avenida Brasil é um degradado corredor expresso de 58 quilômetros, distribuídos por 27 bairros. Nessa que é a mais importante via expressa do Rio e a maior avenida em extensão do país, estende-se um desanimador exemplo de mau aproveitamento urbanístico. O corredor viário está saturado pela falta de planejamento do transporte coletivo, com linhas de ônibus que se superpõem em trechos mais valorizados e demandas de frequência em zonas menos atraentes. A malha ferroviária tem potencial para melhorar a oferta de serviços, um objetivo a ser equacionado. Mantê-la num estado de sub-aproveitamento é uma contradição com os planos de realinhamento urbanístico da cidade.
Estudos indicam que o projeto de bairros populares é viável - inclusive do ponto de vista financeiro, graças a linhas de crédito disponíveis e melhoria do perfil econômico da população. O Minha Casa, Minha Vida se soma ao Morar Carioca para viabilizar esses bairros. Por fim, aproveitar a vocação da via terá reflexos diretos em ações de desfavelização, com a transferência para essas regiões, mais bem servidas de serviços, de famílias que vivem em áreas de risco nos morros ou em locais inadequados. A discussão, portanto, extrapola os limites de Manguinhos. É mais ampla e diz respeito ao futuro do Rio.
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