Última parte do Elevado da Perimetral deve ser demolida até o fim de dezembro

02/12/2014 - O Globo

Retirada de estrutura deve dar lugar à área de convivência com estação do VLT

POR TAÍS GUIMARÃES

Imagem aérea mostra as últimas vigas da Perimetral entre a Praça XV e a Cidade do Samba, no Centro - Genilson Araújo / Agência O Globo
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RIO - Ao avistar a região do Porto Maravilha de cima, é possível notar as últimas cinco vigas da quase extinta Perimetral. Localizadas no trecho próximo ao Primeiro Distrito Naval, elas devem ser retiradas totalmente até o fim deste mês, conforme informou a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cedurp).

Com a saída do material, a região deve dar lugar ao passeio público — uma área de convivência com 2,6 km de extensão e 61 mil metros quadrados — que também deve receber um novo conceito de mobilidade urbana: o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). O transporte terá integração com metrô, trem, barcas, ônibus, teleférico do Morro da Providência e com o Aeroporto Santos Dumont.

Para o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ), Pedro da Luz Moreira, a mudança vai contribuir para que a população ganhe um espaço amplo de convívio que deve complementar o Centro, além de valorizar a paisagem da cidade.

— Vamos ganhar uma nova frente marítima com a ampliação da vista da Baía de Guanabara, que acreditamos que deve ser aberta ao público, assim como é no Aterro do Flamengo e na Praia de Botafogo — explicou ele.

No local, já funcionam o MAR (Museu de Arte do Rio) e o Cais do Valongo e da Imperatriz — encontrado em escavações feitas com autorização do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), durante as obras de revitalização — e, em breve, o Museu do Amanhã, com inauguração prevista para o próximo ano.

Com as transformações que vêm acontecendo, a região do Porto já garante um caminho cultural formado por uma série de obras históricas — como os prédios do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), a Casa França-Brasil, o Paço Imperial, o Museu Histórico Nacional, o centro Cultural dos Correiros, entre outros — e que preenchem ainda mais o trajeto carioca com entretenimento. Pedro da Luz ressalta que a mudança agrega valor ao local.

— A revitalização da Zona Portuária determina uma melhora ambiental naquela parte do Rio. É superimportante uma transformação como esta, pois surge uma nova área, que se agrega aos pontos históricos do Centro — garantiu o presidente do IAB-RJ.

Além disso, o projeto do Porto Maravilha abre discussão sobre a construção de moradias na região, que atualmente tem grande movimento apenas em horário comercial. Segundo estimativas da Cedurp, a localidade deve receber mais de 70 mil moradores, formando um "Centro vivo".

— Defendemos o contínuo habitacional na região, pois será de grande importância para a sustentabilidade do comércio. Com o término das obras de revitalização, permitirá que haja um estímulo nos empreendimentos habitacionais que movimentará o Centro do Rio, mantendo um ritmo maior de público após o horário comercial — assegura Pedro.

A demolição da Perimetral começou em fevereiro de 2013, quando o prefeito Eduardo Paes comandou a operação de retirada da primeira viga de aço da rampa do elevado, em frente à Rua Antônio Lage, próximo ao Moinho Fluminense, içada por um guindaste de 400 toneladas.

Depois que cinco vigas e parte de uma sexta estrutura de aço desapareceram do depósito no Caju, as vigas retiradas da região foram leiloadas. O empreendimento Metral Empresas de Transportes Ltda. arrematou o lote único de 384 vigas com um lance de R$ 520 por toneladas — ao todo foram registradas 9.180 toneladas — que custaram R$ 4,7 milhões, valor convertido no projeto Porto Maravilha.

A derrubada do elevado foi realizada em etapas e uso de diferentes técnicas. Em novembro de 2013, foram implodidos os pilares do primeiro trecho, entre a Avenida Professor Pereira Reis e a Rua Silvino Montenegro. Já em fevereiro deste ano, a segunda etapa do processo deu-se com a retirada de 1.163 metros por demolição a frio (desmonte) da Praça Mauá à Avenida General Justo. Outros 300 metros foram implodidos, na área da Praça Mauá, em abril deste ano. E três meses depois, a prefeitura iniciou a demolição do último trecho do elevado, entre o estacionamento da Rodoviária Novo Rio e a Avenida Professor Pereira Reis.