1808 - 1822


Em 7 de março de 1808, chegada da Família Real Portugueza, quando a cidade contava com cerca de 50 mil habitantes. O Príncipe Regente  fixa residência no Paço Imperial, atual Praça XV, durante 9 meses, até a construção da estrada para a Quinta da Boa Vista. O Rio de Janeiro torna-se a capital da Monarquia Portuguesa, até o dia 26 de abril de 1821, quando Dom João VI, obrigado, voltou para Portugal.

Em 3 maio de 1808, Dom João VI  cria a Paróquia de Botafogo, marcando o início da ocupação da Zona Sul, até então ocupada por chácaras. Os bairros da zona sul eram preteridos por estarem sujeitos a ataques pelo mar, não tinham água potável. A população não tinha o hábito de banhos de mar. A faixa de 33 metros junto à costa também pertencia à Marinha Brasileira.

Em 13 de maio de 1808, o Príncipe Regente inaugura o chafariz, ainda provisório, no Campo de Sanct´Anna.

Em 27 de junho de 1808, foi promulgado o alvará real para a cobrança da décima urbana, hoje conhecido com imposto predial, sendo realizado o levantamento e o cadastro dos imóveis da cidade, que passam a ser numerados de acordo com sua posição nas ruas.

Com a chegada da Família Real a cidade se beneficia do incremento dos serviços e do comércio provocados pelo crescimento populacional. A população mais abastada procura as áreas afastadas, fora das freguesias centrais, com clima agradável cercado de belezas naturais. A freguesia de Botafogo começa a trair a atenção dos nobres da corte, de comerciantes ricos, bem como do corpo diplomático.

Em 10 de setembro de 1808, circula o primeiro jornal impresso no país, o Gazeta do Rio de Janeiro.

A população da cidade duplica, passando de 50 mil para cerca de 100 mil habitantes, com a chegada de europeus de diversas nacionalidades, em busca de negócios, oportunidade de trabalho e corpo diplomático das demais nações, visto a cidade ter se tornado sede do Governo Português.

Com a chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, o Mosteiro de São Bento hospedou a Corte e nele foi instalada a Real Academia de Guardas-Marinhas, que ali permaneceu durante três décadas. No período da chegada da família Real imigraram cerca de 12 mil portugueses.

Abertura dos portos da colônia às nações amigas, além da abertura e funcionamento de manufaturas e fábricas, incrementando o comércio na cidade.

Em 1808, foi criada a Intendência de Polícia.

O Dr. José Lourenço de Magalhães na memória intitulada “Saneamento do Rio de Janeiro”, que apresentou à Academia Nacional de Medicina em 1893, refere-se que o  primeiro plano de urbanização elaborado no Rio de Janeiro data de 1808, com a chegada da família Real.

A cidade apresenta progresso notável quando é elevada a categoria de capital do Reino do Brazil unido ao de Portugal. De primeiro de abril a 5 de novembro Dom João cria a Corte Suprema Militar, os Archivos Militares, o Tribunal de Justiça, a Academia de Marinha, a Fábrica de Pólvora (1809), o Tribunal de Comércio, o Banco do Brasil a Escola de Medicina, a Impressão Regia, de onde no dia 10 de setembro de 1808 saiu o primeiro número do primeiro jornal da cidade, o Gazeta do Rio de Janeiro. Dom João ficou no Rio de Janeiro durante 13 anos, retornando a Portugal em 26 de abril de 1821.

Em 1808, cidade se estendia da praia de Botafogo até o Campo de Sanct´Anna. A ocupação da Quinta da Boa Vista pela Família Real promoveu os aterros do imenso mangal de São Diogo, criando a Cidade Nova.  

Em 12 de maio de 1809, em função do crescimento da população da Zona Sul e da Igreja mais próxima se localizar na rua São José, no Centro, é criada a Freguesia de São João Batista da Lagoa, abrangendo toda a Zona Sul. 

Em 8 de novembro de 1810, em função do grande número de ruas estreitas na cidade, entra em vigor o Aviso Régio determinando que “as ruas fossem mais largas e não tão estreitas como o antigo plano urbanístico.”

Em 5 de janeiro de 1811, é inaugurado o cemitério dos ingleses, no bairro da Gamboa, às margens da antiga enseada da Gamboa. 

Em 1815, abertura do primeiro trecho da rua Santa Luzia, sendo prolongada até o Convento da Ajuda em 1817.

Em 1816, foi construído o Chafariz de Mattacavallos (atual rua Frei Caneca), tombado pelo Iphan em 1938.


Chafariz da rua Frei Caneca


Em 20 de março de 1816, falece a rainha Dona Maria I, a piedosa.

Dom João VI  cria a Escola de Medicina.

Em 1817, foram erguidos os chafarizes da rua do Riachuelo e da Bica da Rainha, no Cosme Velho.

Em 6 de fevereiro de 1818, após a morte da rainha Dona Maria I em 20 de março de 1816, o Príncipe Regente Dom João VI foi aclamado rei do Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarves. 

Em 24 de maio de 1818, foi inaugurado o chafariz do Campo de Santa Anna, com 22 bicas. Vertia águas captadas do rio Maracanã, conduzidas por aqueduto de cantaria.

Em 1819 foi fundado o Horto Real, posteriormente denominado Jardim Botânico.

Em 13 de maio de 1820, abertura da Praça do Commercio, projetada por Grandjean de Montigny. Posteriormente passou a abrigar a Alfândega, encerrando essa atividade em 1944.

Em 26 de abril, de 1821 Dom João VI, Carlota Joaquina e 4 mil funcionários da corte retornam a Portugal.  Dom João voltou forçado para Portugal, pois seu plano era manter a sede do Império Português no Rio de Janeiro.  Napoleão já tinha sido derrotado em 1814, mesmo assim Dom João permaneceu no Brasil até 1821.

Dom Pedro I ordenou a destruição do jardim do Campo de Sant´Anna, construído em 1817 a mando de Dom João VI.

Em primeiro de dezembro de 1822, o Imperador Dom Pedro I (1798-1834) foi sagrado e coroado na Capella Imperial de Nossa Senhora do Monte do Carmo, no Rio de Janeiro.

Freguezias da Côrte e do Recôncavo da Guanabara em agosto de 1822

Santíssimo Sacramento
São José
Candelária
Santa Rita
Santa Anna
Inhomerim
Guaratiba
São João Baptista de Mirity
Nossa Senhora do Desterro de Campo Grande
São Lourenço dos Índios
Nossa Senhora da Ajuda da Ilha do Governador
Nossa Senhora da Appresentação do Irajá
Nossa Senhora da Piedade do Igassu
São João da Lagoa
São João de Icarahy da Praia Grande
Nossa Senhora do Loreto de Jacarepaguá
São Francisco Xavier do Engenho Velho
São Thiago de Inhaúma
Nossa Senhora da Guia de Paocbaíba
Mataporcos
Engenho Velho


REFERÊNCIAS: 

Lista dos Eleitores Parochiaes desta Corte e Recôncavo. Gazeta do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. 10 agosto 1822. p.2.

Revista da Directoria de Engenharia.

Relatório do Prefeito do Distrito Federal lido na Sessão de 2 de Março de 1898.

Recenseamento da Cidade do Rio de Janeiro. 1906

Revista Viação. 1929-1930.