Investimentos privados em obras viárias incluem mergulhão ou viaduto em frente ao BarraShopping

TRÂNSITO


Publicada em 02/08/2010 às 07h34m
Isabela Bastos - O Globo - 02/08/2010
    RIO - Bairro que vai concentrar boa parte da movimentação de atletas e público nas Olimpíadas de 2016, a Barra da Tijuca deverá receber, nos próximos quatro anos, pelo menos R$ 2,3 bilhões em investimentos na ampliação e melhoria de sua malha viária. Capitalizadas por recursos públicos e privados - estes últimos de R$ 158,4 milhões - as obras, já em andamento ou com previsão de início para 2011, deverão ficar prontas, progressivamente, até 2014. O foco é aumentar a mobilidade urbana em uma região que, a seis anos dos Jogos, já sofre com engarrafamentos diários, que tendem a piorar com o aumento de três mil unidades habitacionais ao ano, segundo dados da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi). Esse número representa cerca de 25% dos lançamentos imobiliários da cidade.
    Para atender a população crescente - segundo a Ademi, a região tem um mercado residual de 8.924 unidades a serem lançadas entre 2013 e 2016 - e preparar terreno para o centro nervoso dos Jogos (19 das 39 modalidades esportivas ficarão na Barra), já são cinco as frentes de obras viárias em curso. Outras quatro empreitadas de médio e grande porte começam nos próximos meses, na região que receberá metade dos 20 mil integrantes da família olímpica e tem uma expectativa de público de 2,4 milhões de pessoas.
    Obra eliminará sinais de trânsito
    Entre os investimentos privados, a principal obra deverá ser um mergulhão ou viaduto no cruzamento das avenidas das Américas e Luís Carlos Prestes (Via Parque), nas imediações do BarraShopping, por onde passam 145 mil veículos por dia, segundo a Secretaria municipal de Transportes. A obra, que será custeada pelo shopping e pelas construtoras Carvalho Hosken e RJZ-Cyrela, deverá custar de R$ 26 milhões a R$ 30 milhões e começará em dois meses.
    O detalhamento do projeto, autorizado pelo prefeito Eduardo Paes, ficará a cargo da Secretaria Municipal de Obras. Segundo o presidente da Carvalho Hosken, Carlos Carvalho, a obra durará dez meses e eliminará os sinais naquele trecho.
    Em 2011, a empresa começará a pavimentar uma parte do chamado Eixo Metropolitano (via planejada para ligar as avenidas Ayrton Senna e Salvador Allende). O trecho previsto possui cem metros de largura, dois quilômetros de extensão e corta um pedaço do Centro Metropolitano, terreno com quatro milhões de metros quadrados (quase o dobro do tamanho do bairro do Leblon) a poucos metros do Autódromo, onde será o Parque Olímpico. A construtora investirá R$ 60 milhões na via, que será implantada junto com os empreendimentos imobiliários previstos para ocupar a área.
    - A previsão é de construção de cerca de 20 mil unidades no Centro Metropolitano. Os empreendimentos serão erguidos conforme a demanda do mercado. Mas as Olimpíadas deverão acelerar tudo. Boa parte da avenida já está com a terraplanagem pronta - adianta Carvalho.
    Recentemente, a construtora finalizou um outro trecho do Eixo Metropolitano, com 800 metros de extensão, ligando a Avenida Imperatriz Leopoldina (conhecida como Arroio da Pavuna) e a Estrada Coronel Pedro Correia. Somente essa parte da avenida, que passa ao lado de um empreendimento com 1.200 unidades, custou R$ 25 milhões. A nova via terá como vizinho um shopping com 42 mil metros quadrados, seis lojas âncoras, 250 lojas satélites, seis restaurantes e dez salas de cinema. Com inauguração prevista para 2012, o shopping, da Cyrela Commercial Properties, deve atrair cerca de 600 mil pessoas em torno de sua área de influência.
    Do outro lado da Lagoa de Jacarepaguá, operários já trabalham na abertura de parte de uma nova via que, seguindo paralela à Avenida das Américas, ajudará a desafogar o trânsito interno do bairro. Prevista no Plano Lúcio Costa, a chamada Via 4 liga as avenidas Ayrton Senna e Alceu de Carvalho e tem originalmente 12 quilômetros de extensão. Mas parcerias com a iniciativa privada estão garantindo a abertura de 3.600 metros da rua em dois pontos nas imediações do Bosque da Barra.
    Um trecho de 1.200 metros de extensão está sendo aberto pelo grupo Alphaville, como contrapartida ao licenciamento de um loteamento numa área de 663 mil metros quadrados às margens da Lagoa de Jacarepaguá. Com 388 lotes de 600 a mil metros quadrados, cada, a previsão é que o Alphaville tenha cerca de 1.500 moradores. A nova via aproveita parte da Avenida Célia Ribeiro da Silva Mendes, que hoje opera com pista simples de mão e contramão.
    Via duplicada em frente à Vila do Pan
    Um segundo trecho de 1.600 metros está sendo aberto entre as avenidas Ayrton Senna e Rachel de Queiroz pelo grupo Amil, que ergue no local o Bosque Medical Center. De acordo com a construtora HJ Rodrigues Mello, contratada para a abertura da via, as obras deverão ficar prontas até o fim do ano. Tanto o grupo Alphaville quanto o Grupo Amil não informaram o valor das obras. Segundo o subprefeito da Barra e Jacarepaguá, Tiago Mohamed, a ideia da prefeitura é atrelar a abertura de outros trechos da Via 4 a empreendimentos que forem sendo licenciados pelo município.
    Outro investimento privado é o alargamento da Avenida Ayrton Senna em frente à Vila do Pan. Custeada pela Lamsa, a duplicação da via e a implantação de nova rede de drenagem e iluminação pública estão custando R$ 43,4 milhões e fazem parte de um pacote maior de investimentos em troca de uma ampliação em 15 anos do prazo de concessão. O objetivo é acabar com engarrafamentos e bolsões de água num trecho de 820 metros de extensão. Iniciadas em junho, as obras durarão um ano.