Custo das obras de saneamento quase dobra, e estado diz que não atingirá 80% de esgoto tratado em dez anos
LONGE DA META
Publicada em 26/09/2010 às 23h37m
Cláudio Motta - O Globo - 26/09/2010
RIO - A meta do governo do estado de elevar a quantidade de esgoto tratado de 30% para 80% em dez anos está mais distante. A conclusão é da própria Secretária estadual de Ambiente, Marilene Ramos, que anunciou a necessidade de recalcular os custos em saneamento. A estimativa inicial de R$ 8 bilhões praticamente dobrou. Agora, serão necessários investimentos de R$ 15 bilhões no mesmo período - ou R$ 1,5 bilhão por ano. O estado não tem condições de arcar com este valor.
Veja imagens das áreas mais prejudicadasMesmo se todos os projetos previstos, incluindo os do governo federal e de empresas, forem realizados dentro dos prazos, a conta não fecha. A estimativa otimista é de R$ 895,8 milhões em investimentos ao ano, déficit anual de cerca de R$ 600 milhões.
Enfrentar isso depende de gastos maciços e com continuidade. Com o nível de investimentos de hoje, não dá para chegar à meta
"Nossos rios foram transformados ao longo dos anos em valões de esgoto. Enfrentar isso depende de gastos maciços e com continuidade. Com o nível de investimentos de hoje, não dá para chegar à meta de elevar para 80% o esgoto tratado no estado" admitiu Marilene Ramos.
Nas baías, panorama desoladorO Rio ainda está longe dos investimentos necessários para bater a sua meta, que nem sequer é de universalizar o tratamento. Contando com os recursos do Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano, o estado deve conseguir aplicar de R$ 150 milhões a R$ 200 milhões. Além disso, Marilene Ramos espera fechar, até o primeiro semestre de 2011, empréstimo de R$ 1,25 bilhão com o Banco Interamericano de Desenvolvimento. O dinheiro seria destinado principalmente ao saneamento da Baía de Guanabara, numa previsão inicial de quatro anos de obras.

Também entram na conta os projetos que podem ser incluídos no Programa de Aceleração do Crescimento 2: R$ 700 milhões em três anos. Além disso, espera-se que sejam realizados outros investimentos, como os feitos por concessionárias de água e esgoto, estimados em R$ 150 milhões por ano.
O dinheiro que o estado conseguir para saneamento deverá ser direcionado, em sua maioria, ao entorno da Baía de Guanabara e ao sistema de Barra e Jacarepaguá. Esse é um dos compromissos que a cidade assumiu para os Jogos Olímpicos de 2016.
Enquanto os projetos não saem do papel, a Região Metropolitana sofre com os problemas ambientais. Na última quinta-feira, O GLOBO acompanhou um voo de quase três horas feito pelo biólogo Mário Moscatelli, que há 15 anos monitora as condições sobretudo das lagoas e rios. A bela geografia do Rio é manchada por esgoto, detritos, ocupação desordenada e lançamento irregular de lixo, num retrato caótico dominado pela poluição.
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