Revitalizada, Lapa carioca é alvo do varejo e residenciais também avançam na região

19/10/2010 - Folha de São Paulo - Cirillo Junior

Tradicional reduto de bares e restaurantes, o bairro carioca da Lapa vem mostrando um novo perfil, na esteira da revitalização e do aumento de residências na região. O comércio local ganha novas lojas, inclusive redes varejistas, deixando para trás a marca de que a Lapa é apenas um bairro boêmio.

Nos últimos seis meses, foram abertas, pelo menos, 12 novas lojas comerciais no bairro, segundo dados da Junta Comercial do Rio.

Grandes redes como Lojas Americanas, Ricardo Electro e Casa & Video já se instalaram ali, mas a expansão não deve parar por aí. Petrobras e Eletrobras vão ocupar grandes prédios na região, e os imóveis no entorno apresentam valorização de até 50%.

No centro empresarial Senado, onde a Petrobras vai se instalar, estão previstas lojas comerciais, a partir do final do ano que vem.

Em funcionamento na Lapa desde o fim de 2009, a Casa & Video quer aproveitar o fluxo de turistas que procuram a vida noturna da região e planeja funcionar até mais tarde às sextas e sábados.

É nesses dias que as principais ruas da região fecham a partir das 22h, para a circulação apenas de pedestres. A loja funcionava até as 20h, mas já teve o horário estendido por mais duas horas.

"O movimento está um pouco acima de nossas expectativas, há uma rotatividade muito grande de pessoas na região", afirma Célia Ramires, gerente de expansão da Casa & Video.

A rua do Riachuelo, que atrai milhares para dançar em casas como o tradicional Clube dos Democráticos e o novo Lapa 40º, concentra boa parte das novas lojas.

A rede de perfumes O Boticário também está ali, há um ano. Gerente da loja, Elisângela Albuquerque comenta que o comércio do bairro começa a alterar, aos poucos, seu perfil. "Antes, era só mercado e bar. Agora, a coisa está mais diversificada."

Residência

O comércio na Lapa cresce impulsionado pelo crescimento de imóveis residenciais na região. O aumento no número de moradores ocorreu após a revitalização do bairro, iniciada por donos de bares e restaurantes.

Com a vocação boêmia recuperada, a Lapa voltou a ser uma das referências da noite carioca. Só assim o poder público passou a direcionar maior atenção para o local.

As construtoras começaram a apostar no bairro. Três condomínios foram erguidos na região, adicionando 1.634 unidades residenciais. O maior deles é o Cores da Lapa, com 1.376 apartamentos. No Viva Lapa, uma unidade de dois quartos, vendida por R$ 80 mil há três anos, já custa até R$ 140 mil.

No entanto, há dificuldades para manter essa expansão. Um dos primeiros bairros do Rio a ser urbanizado, a Lapa possui poucos espaços físicos para a construção de empreendimentos, e algumas empresas estão reaproveitando prédios já erguidos.

"Todos estão procurando por ali. Todo mundo acha a Lapa um mercado maravilhoso", diz Rogério Chor, presidente da Ademi (Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário).