Santo Cristo ganhará complexo empresarial

08/11/2012 - O Globo

No Centro da cidade, Microsoft instalará laboratório

Novas torres. Croqui do complexo empresarial Porto Atlântico, na Zona Portuária: hotéis, salas comerciais e shopping Divulgação

BRASÍLIA e RIO Os bons ventos que sopram na região central da cidade e que fizeram na quarta-feira a Microsoft anunciar a instalação de um laboratório na região incluem a construção de um complexo empresarial no Santo Cristo, com salas comerciais, lajes corporativas, um shopping de pequeno porte e dois hotéis voltados ao turismo de negócios. No ano que vem, começam a ser construídas as três primeiras torres comerciais (de um total de seis previstas no projeto) já enquadradas na legislação do Porto Maravilha. O complexo será erguido em dois terrenos da Avenida Professor Pereira Reis. Batizado de Porto Atlântico, o empreendimento terá seis edifícios, a maior deles com 120 metros de altura (o equivalente a 40 andares). A previsão é que as torres sejam entregues em duas etapas (em 2016 e 2017). O investimento na obra é mantido em sigilo pela construtora Odebrecht, mas o Valor Geral de Venda (VGV), que é a soma da comercialização de todas as unidades, está avaliado em R$ 1,6 bilhão.

A primeira fase do projeto será lançada ainda este ano. Chamada de Porto Atlântico Leste, ela abrigará três torres de 60 metros de altura (20 andares), uma delas em formato de L, para comportar dois hotéis com 450 quartos. Os outros prédios terão 330 salas comerciais e 54 lajes corporativas, respectivamente. No terreno de 16 mil metros quadrados, um antigo pátio de ônibus na esquina da Avenida Professor Pereira Reis com Rua Equador, será erguido ainda um shopping com 50 lojas, e uma praça de dois mil metros quadrados, além de uma rua de pedestres. A área já começou a ser limpa, e os muros estão sendo removidos.

A construção do Porto Atlântico Leste começa no primeiro semestre de 2013, e a entrega está prevista para três anos depois. Somente nessa primeira fase, serão 884 unidades, entre quartos, lojas e salas, com valor de venda de R$ 700 milhões. Acreditamos que o terreno fica no que deverá ser uma das esquinas mais importantes da Zona Portuária no futuro afirma o diretor de incorporação da Odebrecht Realizações no Rio, Rogério Oliveira.

Já a segunda parte do projeto, batizada de Porto Olímpico Oeste, será lançada em 2013, e as obras ainda não têm prazo para começar. Numa área de 12 mil metros quadrados em frente ao primeiro terreno, onde havia uma concessionária de automóveis, serão erguidas as maiores torres: uma com 120 metros de altura, outra com 88 metros (29 andares) e uma terceira com 72 metros (24 andares).

Serão torres com pé direito alto e moderna infraestrutura de automação. Serão destinadas a empresas grandes diz Oliveira.

A construtora não informou a operadora dos dois hotéis (um com 195 quartos e outro com 255) e nem o perfil das acomodações. Mas eles serão voltados para o turismo de negócios.

Cerca de dois mil operários deverão trabalhar no canteiro no auge das obras, previsto para o período 2014-2016. Com um volume de 259 mil metros quadrados de área construída, o empreendimento exigirá um esquema especial para o trânsito de caminhões. Segundo Rogério Oliveira, a circulação será noturna, para não comprometer o já tumultuado trânsito da área.

Por não ter muros ou barreiras, as áreas de convivência dos edifícios vão se fundir à malha urbana da Zona Portuária.

Segundo o presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto, Jorge Arraes, a ausência de muros atende às exigências da legislação urbanística, que visa a estimular passeios públicos.

Outro projeto que promete dar um gás na revitalização é o da Microsoft. A empresa anunciou na quarta-feira investimentos de R$ 200 milhões na instalação de negócios no Brasil, sendo o principal o Laboratório de Tecnologia Avançada (ATL), o quarto do mundo, que vai funcionar num antigo prédio da CEG, na Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio. A empresa também vai fundar uma aceleradora de negócios focada em grupos emergentes com base tecnológica (startups). A meta é incentivar 15 empresas por ano, e cada uma vai receber R$ 1 milhão. Ela vai investir ainda na abertura de um centro de desenvolvimento da plataforma de busca (Bing) e pretende criar uma empresa de investimentos no país.

Os projetos vão funcionar inicialmente numa área cedida pela Universidade Estácio de Sá. A sede definitiva será no edifício Barão de Mauá, que será restaurado pela Microsoft. As obras do prédio, onde funcionou a primeira fábrica de gás do Rio, criada pelo Barão de Mauá, deverão estar concluídas em dezembro de 2013, segundo o protocolo de intenções assinado entre a Microsoft e a prefeitura do Rio.

O investimento, anunciado durante solenidade no Ministério da Ciência e Tecnologia, vai gerar cerca de 100 empregos diretos, entre pesquisadores, empreendedores e cientistas, disse o presidente da Microsoft no Brasil, Michel Levy.

Com a Microsoft Participações e os parceiros da aceleradora, startups de todo o país terão acesso aos recursos, expertise e visibilidade de que precisam para serem bem-sucedidas nos mercados nacional e internacional afirmou Levy.

O cientista-chefe da Microsoft Research no mundo, Henrique (Rico) Malvar, disse que o foco do ATL Brasil será em recuperação de informação e análise e entendimento de dados, com o objetivo de desenvolver tecnologias que aprimorem a experiência dos usuários em buscas no Brasil.

O presidente da Microsoft na América Latina, Hernán Ricón, falou sobre os investimentos da empresa em 26 países da região, gerando meio milhão de empregos. No Brasil, conta com duas unidades de manufaturas e um centro de dados. Ele disse que a empresa tem 14 escritórios locais.

Na Microsoft, acreditamos no potencial brasileiro, trabalhamos com os nossos parceiros e clientes disse Rincón.

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse que quer ser parceiro da Microsoft em tudo que diz respeito à educação. Lembrou que o Brasil é o quarto país onde se vende mais computadores e que a empresa está chegando à metade das residências com o equipamento.

Para o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, os investimentos da Microsoft no Brasil já são os primeiros resultados do programa TI Maior, lançado este semestre. Raupp disse que o governo espera que o projeto resulte não só na atração de pesquisadores, mas também na fixação desses profissionais experientes no país.


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