Porto do Rio terá torres com marca de Trump

19/12/2012 - Valor Econômico

Com 38 andares, 150 metros de altura e o total de 322 mil metros quadrados, as cinco torres comerciais que levarão o nome do bilionário Donald Trump à região portuária do Rio são, até agora, o maior empreendimento comercial em área na região que a prefeitura quer transformar no novo distrito empresarial do Rio. As Trump Towers poderão gerar até R$ 6 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV) com suas salas comerciais, de acordo com os investidores.

As torres vão ocupar um dos três únicos terrenos da zona portuária com gabarito alto o bastante para abrigar torres comerciais, a margem da avenida Francisco Bicalho, entre a saída da Linha Vermelha e a rodoviária da cidade. Hoje, ainda degradada, a região de cerca de 5 milhões de metros quadrados já recebeu R$ 8 bilhões em investimentos em infraestrutura.

De acordo com o prefeito Eduardo Paes (PMDB), que esteve presente ontem no anúncio do empreendimento, o projeto é um exemplo do potencial da área para atração de investidores. Não foram divulgados valores do negócio, mas apenas a Caixa Econômica Federal investiu cerca de R$ 280 milhões na área onde serão erguidas as torres ao comprar 515 mil Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) em leilão da prefeitura em 2011. Segundo Paes, a Caixa já negocia as Cepacs por R$ 1.150 cada e tem atualmente R$ 592 milhões investidos no empreendimento. A Caixa tem, no total, 6,4 milhões de Cepacs na região portuária compradas a R$ 3,5 bilhões.

"Nosso modelo é de investidor", disse Fábio Arakaki, superintendente nacional de fundos e investimentos da Caixa. "Poderíamos ter optado por fazer uma venda dos Cepacs que adquirimos, mas a gente acredita na valorização imobiliária da região". Na Francisco Bicalho ainda há disponível para construção o terreno do antigo gasômetro, com 1,2 milhão de metros quadrados, o dobro do terreno das torres, e o mesmo gabarito de 150 metros que pode atrair investimentos em torres comerciais.

Além da Caixa, o empreendimento é uma parceria entre a incorporadora imobiliária búlgara MRP International, o espanhol Salamanca Group e a construtora paulista Even. O foco do projeto é atrair grandes empresas brasileiras e estrangeiras para a área, para isso serão promovidos road shows na Europa, América do Norte e Ásia, disse ao Valor Stefan Ivanov, presidente da MRP no Brasil. Segundo ele, o porto do Rio será uma alternativa ao mercado de imóveis comerciais do Centro, já saturado, e à afastada Barra da Tijuca.

O subsecretário de municipal de projetos estratégicos, Jorge Arraes, afirma que, em uma estimativa conservadora, o empreendimento tem potencial de gerar ao menos R$ 3 bilhões de receitas com a venda das salas. Para o presidente da Even, Carlos Terepins, o valor pode chegar a R$ 6 bilhões se for levado em conta o aquecimento do mercado imobiliário que deve ocorrer na região.

As obras das duas primeiras torres devem começar no segundo semestre de 2013 e a expectativa é que estejam prontas antes da Olimpíada de 2016. Os outros prédios serão erguidos de acordo com a demanda.

A Organização Trump não fará aporte financeiro no empreendimento, apenas licencia sua marca para a MRP. Mas a parceria pode se estender. O filho do bilionário americano e vice-presidente da organização, Donald Trump Jr, diz que o grupo quer construir um hotel no Rio para a Olimpíada de 2016. A adaptação de uma das cinco torres é uma das possibilidades. "A marca Trump terá uma presença de longo prazo no Brasil com foco no mercado de alto luxo", promete Trump Jr.