Bom senso no fechamento da Perimetral

24/10/2013 - O Globo

Leia: Interdição da Perimetral vai afetar dois milhões de usuários de ônibus

EDITORIAL

Prevaleceu a sensatez na decisão da prefeitura do Rio de adiar, do fim de semana passado para o próximo dia 2, a interdição definitiva do Elevado da Perimetral — com o consequente alargamento do prazo, até 17 de novembro, para a demolição do viaduto. Intervenção incluída no projeto Porto Maravilha, de resgate da Zona Portuária de sua longa trajetória de degradação, essa obra, para além de suas preocupações paisagísticas, tem papel inestimável nos planos viários para racionalizar o trânsito naquela região do Rio, com reflexos amplos na cidade.

Afeta, por sua dimensão e pela área a ser beneficiada, boa parcela da população carioca e do fluxo de pessoas que, vindas da Baixada e da Zona Oeste, se movimentam diariamente por ali. É sensato, portanto, que as grandes modificações previstas para aquele trecho da cidade, que fazem parte de um programa mais abrangente de mudanças urbanísticas em curso no município, sejam antecedidas de testes, estudos e, sobretudo, muita informação para orientar motoristas e usuários do serviço de transportes coletivos.

Este intervalo para testes será importante para a prefeitura corrigir eventuais falhas antes de submeter o novo desenho viário da região — com a abertura da Via Binário, a alternativa para o fluxo de veículos do Elevado — à prova do fechamento de uma via por onde passam, por hora, cerca de 2.500 veículos. A importância de algumas medidas já em curso é expressa em números. Por exemplo, a transferência, para as imediações do Into, do ponto final de 20% da frota de ônibus oriunda da Baixada e da Zona Oeste representa, de imediato, a supressão de 360 viagens desses veículos para o Centro, só na parte da manhã. Sem dúvida, um impacto positivo no trânsito.

O prazo para a implementação definitiva das mudanças viárias na Zona Portuária, em razão do necessário ajuste entre o cronograma das obras e os inevitáveis transtornos delas decorrentes, é ponto essencial na discussão sobre as mudanças previstas para a região. Fora de questão, a opção pela demolição do Elevado se impôs como a solução urbanística mais de acordo com a necessidade de o Rio se redesenhar para o futuro. O prefeito Eduardo Paes reconhece que transformações tão radicais como as que estão sendo introduzidas no plano urbanístico da cidade, aí incluída uma revisão profunda no sistema viário, exige algum grau de sacrifício num primeiro momento. E que se deve medir os benefícios a serem colhidos, a longo prazo, pela população.

Neste momento em que toda a cidade passa por um processo de intervenções urbanísticas, não se pode fugir dos transtornos. Em decisões já tomadas, eles são inevitáveis. Mas podem ser mais bem dimensionados em projetos em estudo — caso, por exemplo, do fechamento ao trânsito da Avenida Rio Branco, uma proposta ainda em aberto