Prefeitura vai comemorar aniversário da cidade com nova sede em casarão de Oswaldo Cruz

Novo endereço fica às margens da linha férrea e junto a baluartes do carnaval

POR EMANUEL ALENCAR

04/01/2015 - O Globo


Plástica. O casarão de 1920 sendo remodelado: o prefeito pretende despachar lá pelo menos uma vez por semana - Agência O Globo

RIO - Berço de agremiações tradicionais do mundo do samba, os bairros de Oswaldo Cruz e Madureira vão entrar definitivamente na rotina do prefeito Eduardo Paes. Em 1º de março, quando a cidade estoura champanhe para festejar mais um aniversário, será inaugurado o Palácio Rio 450. A terceira sede da prefeitura — além do Palácio da Cidade e do Centro Administrativo São Sebastião — ficará num casarão no número 920 da Rua Carolina Machado, que margeia a linha férrea. Com dois pavimentos e erguido há quase um século, o imóvel já passa por uma plástica completa. Orçada em R$ 3 milhões, a restauração inclui a construção de um edifício anexo, com um total de 472 metros quadrados de área construída.

Paes comenta que despachará no novo endereço "sempre que possível". Acostumado ao clima ameno da Gávea Pequena, no Alto da Boa Vista, o alcaide terá que encarar a aridez e o calor de uma região com pouquíssima cobertura vegetal, distante 26Km de sua residência oficial. Desde 1975, os prefeitos despacham no Palácio da Cidade, em Botafogo, e, há 33 anos, no Centro Administrativo São Sebastião, conhecido como Piranhão, na Cidade Nova.

— No dia a dia, faço um esforço para circular pela cidade inteira, mas há naturalmente uma concentração no deslocamento Zona Sul-Centro. Essa transferência de poder tem um simbolismo importante. Claro que os trabalhos vão continuar focados no Piranhão, mas pelo menos uma vez por semana vou despachar em Madureira. Isso cria um espaço de poder no subúrbio, o prefeito se fará presente lá — diz Eduardo Paes, que teve a ideia há pelo menos quatro anos. — Esse era um desejo desde 2011, mas não quis fazer na época de eleição.


A sede no subúrbio. Imagem de como ficará o Palácio Rio 450, em Oswaldo Cruz: obras de R$ 3 milhões - Divulgação/Prefeitura do Rio / reprodução

O novo palácio da prefeitura fica a 600 metros da quadra da Portela e nas proximidades do Parque Madureira. Terá alguns preceitos amigos do meio ambiente. Parte do telhado principal será reaproveitado na cobertura dessas varandas. Os tijolos da demolição das paredes internas foram usados para fechar vãos e buracos nas paredes. Já o prédio anexo contará com um método construtivo diferenciado, com a criação de uma espécie de claraboia, permitindo a entrada da luz natural e menos gastos com energia elétrica. Oficialmente, o palácio está fincado em Oswaldo Cruz, que fica no 51º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da cidade. Torcedor da agremiação azul e branca da Zona Norte, Paes não esconde a empolgação com a novidade:

— O palácio vai ficar perto de tudo o que eu mais gosto.

Criado no Jardim Botânico, Eduardo Paes conta que costumava frequentar os subúrbios quando adolescente por causa dos jogos de seu clube do coração, o Vasco da Gama, em estádios como o Conselheiro Galvão (em Madureira), Moça Bonita (em Bangu) e Ítalo del Cima (Campo Grande). Hoje em dia, tem o hábito de frequentar o Cachambeer, restaurante famoso pela costela e pelo chope gelado, no Cachambi.

Amiga do novo vizinho ilustre, Iranette Ferreira Barcellos, a Tia Surica, integrante da velha guarda da Portela, acredita que o palácio vai ajudar bastante no desenvolvimento da região:

— Tenho certeza que vai valorizar ainda mais Oswaldo Cruz e Madureira. Sou fã dele, um grande portelense. É mais do que justa a homenagem. Ele ficará ao lado da casa do falecido Paulo da Portela.

Embora essa seja a primeira vez que um prefeito do Rio vai trabalhar num palácio no subúrbio, o historiador Nireu Cavalcanti ressalta que a ideia de descentralizar o poder não é nova. Governador do antigo Estado da Guanabara de 1960 a 1965, Carlos Lacerda inovou ao criar as regiões administrativas.

— Foi do Lacerda a proposta de ter representações da prefeitura nos bairros mais afastados do Centro, quando dividiu a cidade em regiões administrativas. Como cidade-estado, o Rio não poderia ficar com um poder centralizado. Ele colocou auxiliares para representá-lo nas regiões administrativas. De tempos em tempos, ia conversar com os moradores — relata.

Nireu aplaude a iniciativa, e sugere novos escritórios em outros bairros:

— Para ser coerente com os moradores de todas as regiões, o prefeito também precisa despachar em algum bairro da Zona Oeste, e também na Barra da Tijuca. Do ponto de vista simbólico, é uma iniciativa muito interessante.

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