Cerca de 1 milhão de pessoas seriam abastecidas. Obra deve ser feita por meio de parceria público-privada
POR GUSTAVO SCHMITT
12/02/2015 - O Globo

Interior da Usina de Dessalinização de água do mar de Ashkelon, em Israel: sal começa a ser separado da água em milhares de cilindros - Divulgação (10/09/2012)
RIO - Em meio ao quadro de crise hídrica que atinge o estado, o governador Luiz Fernando Pezão disse, nesta quinta-feira, que pretende construir uma usina de dessalinização em Itaguaí. O governador afirmou que a planta, que teria capacidade para abastecer cerca de 1 milhão de pessoas, serviria como alternativa para suprir a falta de água. De acordo com Pezão, a medida seria viabilizada por meio de uma parceria público-privada (PPP).
Pezão esteve reunido na tarde desta quarta-feira com técnicos do grupo espanhol Acyr com expertise em usinas de dessalinização em 25 países, além de uma planta em Barcelona, na Espanha. O governador encomendou o projeto aos espanhóis que devem apresentar um orçamento em 15 dias. Ele disse que a primeira usina seria um projeto piloto. E, caso se viabilize como alternativa para o abastecimento de água, poderia até cogitar a construção de uma outra usina em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.
— Vamos fazer uma série de investimentos nos próximos dois ou três anos para que possamos atravessar uma seca pior que essa atual. Estou anunciando em primeira mão uma usina de dessalinização — disse o governador, após participar de cerimônia para o anúncio das cidades sedes dos jogos olímpicos de 2016, na Cidade Nova.
Pezão ainda minimizou a possibilidade de o processo dessalinização encarecer o custo da água ao consumidor:
— Acho viável. É um custo maior um pouco, mas já baixou muito nos últimos anos. O custo hoje é um terço do que já foi — disse o governador, evitando mencionar valores.
A expectativa do governo é de que a construção da usina levaria cerca de dois anos para ser concluída.
O presidente da Cedae, Jorge Briard, se mostrou favorável a construção da usina. Ele disse que na próxima sexta-feira (20) haverá uma reunião com técnicos espanhóis. No encontro, deve ser gerado o primeiro relatório que deve compor o estudo de viabilidade do projeto.
Segundo Briard, a ideia do estado é criar alternativas à matriz de água doce usada para abastecer a população.
— O governador determinou a criação de planos de contingência para abastecer a população. Temos que implantar meio alternativos como reúso de esgoto e a dessalinização. O primeiro já funciona nas estações de tratamento da Cedae de Alegria e da Penha, com a utilização da água pelas indústrias da zona portuária do Rio e a Comlurb. Quanto à dessalinização, os estudos devem apontar o quanto que esse modelo pode significar na matriz de água do estado.
Briard explicou que embora não se tenha os estudos sobre a operação da usina, possivelmente a água da planta seria captada da baía de Sepetiba e levada para tratamento e purificação. Posteriormente, o líquido seria armazenado num reservatório e poderia ser distribuído na rede convencional da Cedae ou ser levado à indústrias por meio de uma adutora.
O pesquisador do laboratório de hidrologia da COPPE/UFRJ, Paulo Carneiro, afirma que a dessalinização de água deve ser encarada como uma solução complementar ao abastecimento de água do rio Paraíba do Sul para o estado.
— Não é possível imaginar que a dessalinização provoque a substituição do sistemas atuais. Acredito que seria uma possibilidade de ofertar mais água para contingentes grande da população, como é o caso da Zona Oeste.
Carneiro aponta a questão do custo alto da tecnologia como maior entrave para a viabilidade do projeto:
— Embora os custos dessa tecnologia tenham se tornado mais competitivos, o valor da água para o consumo tende a ser mais caro. Outra questão importante é considerar o fato de que parte dessa água, que é mais cara, será perdida na rede da Cedae. Ou seja, é preciso compensar os custos dessa produção. Por fim, a dessalinização pressupõe rejeito de sais de diversas naturezas que vão ser retirados e que têm de ser destinados de forma adequada — conclui.
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