Prefeitura começa a demolir prédios irregulares na Muzema, às margens da Lagoa da Tijuca


Apartamentos estavam sendo vendidos por cerca de R$ 150 mil
   
POR LUIZ ERNESTO MAGALHÃES 

07/05/2016 - O Globo

O prédio construído ilegalmente no Itanhangá: edifício se destacava às margens da lagoa - Domingos Peixoto / Agência O Globo

RIO - A Secretaria municipal de Ordem Pública (Seop) começou a demolir, no fim da tarde de sexta-feira, dois edifícios que estavam sendo erguidos irregularmente na Estrada do Itanhangá 2.631, na área da Favela da Muzema. Os prédios ficavam num terreno às margens da Lagoa da Tijuca, que sofre com a poluição devido ao despejo irregular de esgoto, principalmente de imóveis instalados ilegalmente na região. Uma das construções derrubadas tinha sido denunciada pelo jornalista Ancelmo Gois, ontem, em sua coluna no GLOBO. De acordo com a prefeitura, cada unidade tinha pelo menos 23 apartamentos. Dois já estavam ocupados e, neste sábado, um terceiro receberia moradores:

— Minha mãe pagou R$ 150 mil à vista por um dos apartamentos. O imóvel mede 63 metros quadrados e tem dois quartos, sala, cozinha e banheiro. Ela não sabia que estava irregular. Vamos discutir como o vendedor para reaver o dinheiro — contou o comerciante Antonio Pereira de Moraes.

SUPOSTO ENGENHEIRO ASSINA OBRA

Até o início da noite, os agentes da Seop ainda não tinham identificado o responsável pela construção. Como na entrada do prédio havia um cartaz com o nome de um suposto engenheiro que assina o projeto, o órgão também vai procurar o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio (Crea-RJ) para saber se o profissional tem registro na entidade e se cabe punição por ele ter dado aval a uma obra irregular.

— Também entregaremos um relatório sobre o caso ao Ministério Público, para apurar a prática de crime ambiental — disse o secretário de Ordem Pública, Leandro Matieli.

Como não havia espaço para a entrada de máquinas no terreno, a demolição começou de forma manual, num bloco de seis andares, que estava vazio. O bloco teria um sétimo pavimento, ainda em construção.

A demolição do segundo prédio, com cinco andares, não tinha começado até a noite de ontem, pois será necessário reassentar as duas famílias que já estão morando no local. A previsão é terminar a derrubada em até duas semanas.

O leitor que enviou a foto do prédio para a coluna do Ancelmo, e prefere não ser identificado, mora há seis anos em um condomínio na Avenida das Américas. Da varanda, disse acompanhar com preocupação a expansão desordenada da Favela da Muzema. Para ele, a fiscalização da prefeitura é falha.

— Um desses blocos começou a ser construído há meses. É óbvio que um prédio desse tamanho só pode ter sido iniciativa de alguém que lucra com a venda de imóveis. O inacreditável é o poder público não perceber.

Matieli, por sua vez, afirma que a prefeitura realiza operações constantes. Ele diz que as ações são planejadas tomando como base informações de técnicos da Secretaria de Urbanismo. São eles que avaliam se construções em favelas podem ou não ser regularizadas:

— Hoje (ontem) mesmo removemos invasores de um terreno na Rua Visconde de Niterói (Mangueira). Além disso, a equipe deslocada para a Muzema foi a mesma que mais cedo demoliu dois prédios irregulares na favela Asa Branca (Curicica ) — disse Matieli.


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