A torre inacabada da Barra da Tijuca


04/10/2018 - Diário do Rio




Em uma das regiões mais caras e desejadas da cidade do Rio de Janeiro, existe um prédio que começou a ser construído há décadas e segue inacabado. A Torre H, ou Torre Abraham Lincoln, é um ícone da Barra da Tijuca.

No fim dos anos 1960, com o lançamento do Plano Piloto da Barra da Tijuca, idealizado por Lúcio Costa, foi criado um projeto de construção de residências, lojas e escritórios na Barra batizado de Athaydeville, em homenagem a Múcio Athayde, fundador da Desenvolvimento Engenharia.

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“Esse projeto contava com 76 torres residenciais cilíndricas de 36 andares, projetadas por Oscar Niemeyer, combinadas com áreas de comércio, lazer e serviços. O cronograma original previa a inauguração das primeiras unidades em 1974, e todas as obras estariam concluídas em 1980“, conta Rafael Bokor, fundador da página Rio – Casas & Prédios Antigos.




As obras da Torre Abraham Lincoln, iniciadas em 1970, foram paralisadas em 1972 por falhas na integridade estrutural, sendo reiniciadas mais tarde, já sem o comando de Lúcio Costa, que havia se desligado do projeto.

No final dos anos 1970, o empreendimento foi reformulado e reduzido para apenas quatro torres, mas continuou o empasse em torno da viabilidade do projeto.

“Em 1984, uma comissão especial de inquérito da Câmara Municipal do Rio chegou a recomendar à prefeitura que não renovasse licenças para construção de novas torres no Athaydeville diante de irregularidades no pagamento de impostos“, destaca Bokor.

Neste mesmo ano de 1984, as obras da Torre H foram definitivamente paralisadas e nunca concluídas.




Dessas quatro torres a que o projeto de 76 edifícios cilíndricos foi reduzido, três foram erguidas e duas entregues.

A Torre Ernest Hemingway, localizada na Avenida Sernambetiba, 3400, construída entre 1973 e 1978, e inaugurada em 1994 e a Torre Charles de Gaulle (conhecida como Torre A), localizada na Avenida das Américas, 1245, construída entre 1974 e 1990, foram entregues a seus compradores. A terceira é a Torre H.

Em 2004, por alguns dias, a Torre H foi ocupada por um grupo de sem teto.




“A crise da invasão acelerou o processo de falência da Desenvolvimento Engenharia, decretada no ano seguinte. Quase 200 apartamentos da Torre H foram levados a leilão em 2007, e a Associação de Adquirentes da Torre H, liderada pelo Sr. Heraldo José da Silva, decidiu completar as obras com recursos próprios. Só que existe uma disputa judicial entre a Massa Falida da Desenvolvimento Engenharia e os proprietários que fazem parte da Associação que impede o andamento das obras“, informa Rafael Bokor.

Atualmente, ninguém pode mexer no prédio. Enquanto isso, a Torre H, ou Abraham Lincoln, segue se deteriorando.