MAM ganhará prédio anexo de R$ 9 milhões



O Globo, Jacqueline Costa, 16/abr
A construção de um prédio de linhas simples e modernas, que não competem com o ícone projetado por Affonso Eduardo Reidy na década de 50 para abrigar o Museu de Arte Moderna (MAM), foi aprovada nesta quinta-feira, por unanimidade, pelo Conselho Nacional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O anexo, que fica a cerca de 200 metros do museu e atrás da casa de shows Vivo Rio, terá dois andares, estacionamento subterrâneo e cerca de quatro mil metros quadrados de área construída. Um dos destaques do projeto, de autoria do arquiteto Glauco Campelo, será um enorme terraço com vista para a Baía de Guanabara. O plano prevê ainda biblioteca, cafeteria e reserva técnica.
Peças da coleção que pertenceu a Marcantonio Vilaça, reconhecido artista plástico e marchand, ocuparão uma grande sala de exposição permanente, com cerca de 250 metros quadrados. Marcos Vilaça, pai de Marcantonio e presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), faz parte do conselho do Iphan, mas ontem não esteve presente à votação.
Segundo Campelo, além da galeria em homenagem à Vilaça, o edifício abrigará duas salas menores para a exibição de exposições temporárias, principalmente de jovens artistas. Paredes de vidro e cobogós - elemento vazado que proporciona a entrada de luz natural e de ventilação - também estão presentes no projeto.
- É um grande prazer projetar um prédio modesto ao lado da obra extraordinária do Reidy - disse Campelo.
Segundo o presidente do MAM, Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand, os recursos para a construção do prédio poderão ser captados junto aos mantenedores da instituição, com empresas privadas e através da Lei Rouanet. No total, serão necessários cerca de R$ 9 milhões para erguer o anexo. Parte da reserva técnica do MAM - cujo acervo é composto por cerca de 15 mil peças, sendo que 300 em exposição - será transferida para uma área de cerca de 500 metros quadrados no novo prédio.
O presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Luiz Fernando de Almeida, lembra que projeto original de Reidy já apontava a área onde será construído o anexo como edificável.
- O novo prédio reafirma o caráter público e cultural do Aterro do Flamengo, além de efetivar uma ocupação pública que complementa o projeto original do Reidy - afirmou o presidente do Iphan.
Superintendente do Iphan no Rio, Carlos Fernando Andrade chama a atenção para a possibilidade de revitalização da área junto ao MAM:
- Foi uma coisa muito boa para a cidade. Aquela região como um todo precisa ser revitalizada porque hoje sofre um processo de degradação visível, com estacionamentos irregulares e quiosques - disse.
A notícia da construção do anexo junto ao MAM não causou polêmica no meio cultural. Em geral, foi muito bem recebida por pessoas ligadas à arte, como Ligia Canongia, curadora e crítica de arte.
- Acho uma ótima sugestão a criação deste prédio anexo. A Pinacoteca do Estado de São Paulo, por exemplo, já está partindo para a construção do seu terceiro prédio, que será usado para abrigar a coleção do José Olympio Pereira. O segundo prédio foi a Estação Pinacoteca (inaugurada em janeiro de 2004). Iniciativas desse tipo são bem-vindas. Se isso significar que herdaremos a coleção Marcantonio Vilaça, acho que será bom para o Rio - afirmou Ligia.
Para o crítico de arte Paulo Sergio Duarte, há muito tempo o MAM necessita de um anexo.
- Acho importante que a coleção do Marcantonio Vilaça venha para o Rio, porque ele marcou uma etapa da história do mercado de arte no Brasil, a da emergência da geração 80 - diz.