Novos painéis da Linha Vermelha já foram perfurados por tiro e estão sujos por pichações

VELHAS MARCAS


Publicada em 06/05/2010 às 23h08m
Gabriel Mascarenhas - 06/05/2010
    BURACO DE BALA em um dos painéis: PM diz que tiro foi disparado durante confronto com traficantes / Foto de Fernando Quevedo - O Globo
    RIO - Antes mesmo de serem completamente instalados, os painéis culturais da Linha Vermelha já estampam sinais de vandalismo e violência. Um deles foi perfurado por um tiro, e outros estão pichados. A Secretaria municipal de Obras promete substitui-los até o fim da semana que vem.
    A marca deixada pelo projétil, segundo um policial militar do 22º BPM (Maré), ocorreu no domingo passado, durante uma operação da Polícia Civil nas favelas Nova Holanda e Parque União. Pela manhã, houve troca de tiros entre os agentes e traficantes dessas comunidades. As pichações não são novidade. Em outras duas ocasiões, a prefeitura identificou ações de vandalismo e limpou os painéis.
    A estrutura, que começou a ser colocada em março, terá 7,6 quilômetros. Os módulos margearão as linhas Amarela e Vermelha, entre o Caju e a Cidade de Deus, separando as comunidades das vias expressas. O trecho da Linha Vermelha ficará pronto até o fim deste mês, enquanto o restante estará todo instalado em meados de julho, de acordo com o cronograma da Lamsa, concessionária que administra a Linha Amarela.
    Material isola barulho e dificulta protestos na via
    Feito com um material semelhante ao acrílico, o cinturão de aproximadamente três metro de altura tem como objetivo dificultar o acesso de moradores das comunidades e de animais às pistas, reduzindo os riscos de acidentes. Funcionam ainda como isolantes acústicos para quem vive à beira do asfalto. Além disso, é um obstáculo contra manifestações, que costumam bloquear o trânsito, principalmente na Linha Vermelha.
    De acordo com a Lamsa, a concepção dos módulos faz parte de uma iniciativa maior do que o isolamento das pistas da via expressa. Os painéis serão ornamentados com desenhos e pinturas de artistas locais. Eles serão substituídos periodicamente, abrindo espaço para um número maior de artistas e facilitando a manutenção das estruturas.
    O espaço concedido a novos talentos das comunidades faz parte "Projeto Interação", desenvolvido em parceria entre a prefeitura e a concessionária. O alvo são 21 comunidades vizinhas à via - a maior parte delas considerada área de risco. Estão previstos a recuperação de áreas de lazer e arborização nas favelas, projetos de educação ambiental e gestão de resíduos sólidos, além de exibição de filmes, espetáculos teatrais e musicais em áreas públicas. Também constam no programa formação profissional para atuação na área cultural, ambiental e esportiva.