Hotéis: contagem regressiva

30/11/2012 - O Globo, Bruno Rosa

Investimento de R$ 1,7 bi visa a suprir carência de quartos para Olimpíadas

O setor hoteleiro vive sua fase de ouro no Rio de Janeiro. Desde que a cidade recebeu o direito de sediar os Jogos Olímpicos de 2016 e se tornou um dos locais da Copa do Mundo de 2014, os investimentos extrapolaram as fronteiras da capital, com empreendimentos em todo o Estado do Rio.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), os investimentos no setor somam, até o momento, quase R$ 1,7 bilhão em 18 novos hotéis, além de reformas e ampliação nos já existentes. Ao todo, são 52 projetos. Mas existem muitos desafios, atestam empresários e especialistas do setor.
Hoje, o Rio conta com 32,3 mil quartos, sendo que apenas 16,5 mil atendem às exigências do Comitê Olímpico Internacional (COI), que pede unidades entre três e cinco estrelas. Assim, para sediar os Jogos, o Rio precisa ter 50 mil quartos. De acordo com dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), há 10,2 mil unidades em construção, gerando oito mil empregos.
- Dentro do projeto, o Rio não vai, obviamente, construir tudo. Não precisa. Por isso, estamos prevendo a vinda de seis transatlânticos, que servirão de acomodação - diz uma fonte no Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que não quis se identificar.
O grupo Accor, por exemplo, que inaugurou um hotel em Copacabana e um em Botafogo, está construindo outros nove no Rio - um deles está em fase final de obras também em Botafogo. A empresa, dona das bandeiras Ibis, Novotel e Mercure, investe R$ 525 milhões. Abel Castro, diretor de Desenvolvimento da Accor para a América Latina, lembra que a empresa acabou de fechar parceria com a Odebrecht para levantar dois hotéis na área portuária.
Mas a aposta da companhia inclui ainda o interior do estado. Tem planos de abrir sete hotéis em Itaguaí, Itaboraí, Volta Redonda, Resende e Barra Mansa, além de um resort em Angra dos Reis.
- No interior do Rio, serão 1.080 quartos e um investimento de R$ 171 milhões. Cerca de 70% do nosso público são pessoas que viajam a negócios. Queremos ser a maior empresa do setor no Rio - diz Abel.
Um dos hotéis da Accor será feito em parceria com a GL Events e ficará dentro do RioCentro, controlado por esta última. A expectativa é que a inauguração ocorra em dezembro de 2013. Vai gerar 200 empregos durante as obras.
Alvo é o turista qualificado
Assim como o grupo Accor, outras redes apostam na Barra. Bandeiras internacionais, como Grand Hyatt e Hilton, são alguns dos empreendimentos que estão indo para a Zona Oeste. Juntos, os dois projetos somam 734 quartos.
- Como o Rio é uma das cidades mais visitadas na América do Sul, a futura chegada das Olimpíadas de 2016 o torna um dos principais mercados do turismo internacional, sendo decisivo para a nossa presença na América Latina - afirma Danny Hughes, vice-presidente sênior da Hilton Worldwide no Caribe, México e América Latina, lembrando que o projeto será inaugurado em junho de 2014.
Outras marcas de luxo também chegam ao Rio. Um exemplo é o paulista Emiliano. O espaço ficará na Avenida Atlântica, em Copacabana. Também na Zona Sul, o antigo Hotel Glória, rebatizado de Gloria Palace Hotel, está em obras desde 2008, com investimentos que já somam R$ 300 milhões. Com 352 quartos, o empreendimento, controlado pelo empresário Eike Batista, será inaugurado no primeiro semestre de 2014, às vésperas da Copa do Mundo.
- O Rio vai receber grandes redes hoteleiras. Era isso o que estava faltando. Uma cidade precisa também de hotéis de primeira linha, para atrair, cada vez mais, turistas qualificados - diz a consultora Flávia Nobre, da FV Consultoria em Turismo.


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