Orçado em R$ 270 milhões, prédio anexo do BNDES, no Centro, terá caminho para convento

09/10/2014 - O Globo

Projeto escolhido em concurso prevê 14 andares, sendo cinco subterrâneos. Edifício ficará na Avenida República do Paraguai

POR GABRIELA LAPAGESSE


O terreno do futuro anexo, ao lado da sede do BNDES - Marcos Tristão / Agência O Globo

RIO — Orçado em R$ 270 milhões, o novo prédio anexo do BNDES já tem um anteprojeto, escolhido por meio de concurso. O edifício, na Avenida República do Paraguai, no Centro, terá 14 andares, sendo cinco subterrâneos e nove acima do nível do solo, com 36 metros de altura. A novidade do anteprojeto, assinado por Daniel Gusmão Arquitetos Associados, é o Caminho de São Francisco, que passará por dentro do prédio e dará acesso ao Convento de Santo Antônio. Para ser construído, o empreendimento depende de autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que ainda não foi pedida.

O edifício vai ocupar uma área de 50 mil metros quadrados. Parte do terreno pertence ao BNDES e um terço dele, à Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência. Em abril, representantes do banco entraram em contato com o Iphan para pedir o desmembramento do terreno.

— O Convento de Santo Antônio é tombado. O prédio vai ficar na encosta. Precisamos avaliar se isso vai causar algum prejuízo. Já informamos da necessidade de contratação de uma equipe de arqueólogos, por se tratar de um sítio arqueológico — explicou o superintendente do Iphan no Rio, Ivan Barreto.

O Convento de Santo Antônio, de 1620, é considerado uma joia da arquitetura colonial. Em nota, o BNDES informou que vai seguir as diretrizes do Iphan e que já contratou especialistas para uma investigação arqueológica na área. Ainda segundo a instituição, o pedido para o início dos trabalhos foi protocolado no Iphan em agosto. A obra, que deve durar 28 meses, ainda não tem data para começar.

BIBLIOTECA E SALA DE GINÁSTICA

De acordo com o arquiteto Daniel Gusmão, o novo edifício vai ter biblioteca, auditórios, salas de ginástica e dança.

— A nossa ideia (ao projetar o Caminho de São Francisco) era fazer uma espécie de portal, ligando o século XXI ao XVII, quando o convento foi construído. Mas a gente não queria fazer isso através de elevadores ou escadas tradicionais. Queria que fosse uma experiência, uma jornada para as pessoas — disse o arquiteto, cujo escritório ganhou R$ 1,2 milhão pelo anteprojeto.

NO CAMINHO, UM CAFÉ

Segundo o plano, o caminho será uma espécie de rampa, que começará na calçada e entrará pelo prédio. No trajeto, os pedestres poderão ver, por exemplo, jardins projetados pelo escritório de Burle Marx ao redor do prédio-sede.


Projeto do prédio anexo do BNDES, com o Caminho de São Francisco, rampa que levará da rua até o vizinho Convento de Santo Antônio - / Divulgação
O caminho também dará acesso a um anfiteatro e um café. A ideia, segundo Daniel Gusmão, é que o espaço seja um ponto de encontro.

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O concurso para o anteprojeto do prédio anexo do BNDES causou polêmica. Por determinar a cessão de direitos autorais do arquiteto vencedor à instituição financeira, entidades como o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio e o Instituto de Arquitetos do Brasil criticaram a iniciativa. Em nota, o BNDES informou que vai contratar o arquiteto vencedor para fazer a adequação do anteprojeto.

Atualmente, o banco aluga 18 andares no vizinho edifício Ventura para abrigar parte dos seus funcionários, ao custo de R$ 6 milhões por mês.

Uma lei sancionada em abril do ano passado pelo prefeito Eduardo Paes mudou as regras urbanísticas do Corredor Cultural do Centro — onde fica o terreno do futuro prédio anexo. O gabarito passou de 12,5 metros para 42.



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