Moradores de quatro barracos do Cantagalo terão até segunda para deixar o local

Um barraco já foi demolido; expansão irregular aconteceu em área de encosta após a derrubada de árvores

POR SÉRGIO RAMALHO

01/05/2015 - O Globo


Agentes da prefeitura derrubam barracos no Morro do Cantagalo - Divulgação

RIO - Agentes da prefeitura demoliram um dos barracos erguidos irregularmente em meio a trechos de mata do Morro do Cantagalo, em Ipanema. A expansão ilegal de construções em áreas verdes da comunidade foi mostrada nessa sexta-feira pelo GLOBO, após o recebimento de denúncias de moradores da região, que enviaram fotos e informações para o WhatsApp da Editoria Rio (99999-9110). Durante uma vistoria na favela, fiscais notificaram os responsáveis por outras quatro construções irregulares.

Segundo o subprefeito da Zona Sul, Bruno Ramos, o barraco demolido estava desocupado. Os invasores notificados terão até a próxima segunda para deixar as construções.

— As pessoas notificadas foram cadastradas e receberam o prazo para deixar o lugar. Até segunda, esses casebres serão demolidos. Caso não saiam, os invasores serão retirados e levados para abrigos — disse Ramos.

Erguidos em um terreno de encosta após a derrubada de árvores, os barracos ficam numa área onde há risco de desabamento. De acordo com relatos enviados pelo WhatsApp, parte da vegetação da encosta do morro vinha sendo desmatada desde o início do ano.

Alguns dos barracos erguidos nas clareiras já contavam com iluminação, obtida a partir de ligações clandestinas. Essa movimentação vinha sendo acompanhada com preocupação por moradores de prédios da Rua Barão da Torre. Eles ainda temem a possibilidade de a derrubada das árvores causar deslizamentos na encosta.

FIGUEIRA ITALIANA É DERRUBADA

Inicialmente, os barracos vinham sendo erguidos na encosta do Cantagalo com tapumes de obras. Segundo moradores de Ipanema, os invasores atearam fogo à mata e chegaram a usar explosivos para derrubar uma figueira italiana, plantada há décadas. O casal Rubens Fernandes e Jandira Costa contou que moradores de prédios vizinhos ao morro recorreram diversas vezes à Subprefeitura da Zona Sul para tentar evitar o avanço das construções irregulares.

O barraco demolido por agentes da prefeitura foi erguido num terreno inclinado sobre uma enorme rocha, que era escorada por árvores. Coordenadora do Projeto de Segurança de Ipanema (PSI), Ignez Barreto ressalta que a expansão das construções irregulares aumenta os riscos de deslizamentos no morro. A coordenadora da entidade acredita que, com a regularização das moradias já existentes a partir da distribuição de títulos de propriedade às famílias, será possível conter o avanço das construções ilegais:

— Há aproximadamente nove anos, elaboramos uma espécie de censo no morro. Foi um trabalho conjunto do PIS e da Associação de Moradores do Cantagalo, com o apoio da iniciativa privada. Fizemos um levantamento detalhado do número de moradias e de famílias. Enfim, um planejamento para urbanizar e transformar o Cantagalo em um bairro. O material foi entregue ao governo do estado.

Na quinta-feira, a Secretaria municipal de Urbanismo informou que não são permitidas novas construções no Cantagalo e que, entre 2011 e 2014, foram realizados 154 embargos na comunidade. No mesmo dia, a Secretaria municipal de Meio Ambiente afirmou que, após receber uma denúncia, fez uma vistoria no dia 10 de abril e constatou danos à vegetação do morro.

Dados do Censo de 2010 revelam que cerca de 4.700 pessoas moram no Cantagalo, distribuídas em 1.400 casas. Dessas, 77 estão em áreas de risco, segundo a Geo-Rio.invadido.

Colaborou Simone Candida


Barraco em construção na mata do Morro do Cantagalo, em Ipanema: montagem das casas é feita, em grande parte, com tapumes de obras - Domingos Peixoto / Agência O Globo


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