1763 - 1807


1763
No dia 2 de janeiro de 1763, em função de ter se transformado no principal porto de escoamento do ouro extraído nas Minas Gerais, a cidade é transformada na capital do Vice-Reinado do Brasil, quando contava com cerca de 20 mil habitantes.

O Rio de Janeiro é a chave deste Brasil pela sua situação, pela sua capacidade, pela vizinhança que tem com os domínios de Espanha e pela dependência que desta cidade têm as Minas com o interior do país, ficando por este modo sendo uma das pedras fundamentais em que se afirma a nossa Monarquia e em que se segura uma parte muito principal de suas forças e das suas riquezas. Dom Luiz Antonio de Souza, Governador da Capitania de São Paulo, carta de 1765.
 
No dia 19 de outubro de 1763, toma posse o primeiro Vice-Rei, Conde de Cunha, cuja mandato termina em 1769. Entre as principais obras de sua gestão, destacam-se: 

- Abertura das ruas do Piolho (atual Carioca) e Conde da Cunha (atual Frei Caneca); 
- Cobertura da Vala, atual rua Uruguaiana;
- Casa dos Lázaros em São Cristóvão, e os arsenais de Marinha e Guerra. 

Lista dos Vice-Reis (1763-1808)

27/06/1763 31/08/1767 Antônio Álvares da Cunha
17/11/1767 04/11/1769 Antônio Rolim de Moura Tavares
04/11/1769 30/04/1778 Luís de Almeida Portugal Soares de Alarcão d'Eça
                                                Melo Silva Mascarenhas
30/04/1778 09/05/1790 Luís de Vasconcelos e Sousa, 4.º Conde de Figueiró
04/06/1790 14/10/1801 José Luís de Castro
14/10/1801 14/10/1806 Fernando José de Portugal e Castro  
14/10/1806 22/01/1808 Marcos de Noronha e Brito

1765
Decreto limitava que as indústrias de tecidos produzissem somente pano grosso para os escravos.

O Vice-Rei Conde da Cunha abre a atual rua Frei Caneca, um prolongamento da rua do Piolho (atual Carioca) até a Lagoa da Sentinela. Inicialmente é chamada de rua Nova do Conde, mais tarde é dividida em duas, passando a se chamar Visconde do Rio Branco (1871) e Frei Caneca (1890) .

1766
Estabelece-se a proibição de circulação de ouro em pó, medida acompanhada pelo fechamento das oficinas dos ourives do Rio de Janeiro.
 
1767
É construída a Casa da Ópera, o primeiro teatro brasileiro, em frente da Casa dos Governadores, na rua do Jogo, depois rua dos Andradas.
 
1769
Entre 1769 e 1774, são pavimentadas as primeiras ruas.
 
1770
Em 12 de julho de 1770, inauguração da Igreja do Carmo.

Construção do Forte da Vigia, no alto do morro do Leme (280m), e do Reduto de Copacabana, sobre a rocha no local das atuais ruas Rodolfo Dantas e Inhangá.  

Entre 1771 e 1772 é aberta a rua do Lavradio, em terreno pantanoso.
 
1772
É construído o Chafariz da Glória, para atender aos viajantes que se dirigem à zona sul. Na década de 1770 o Marquês de Lavradio melhora o acesso à zona sul , alargando o caminho e construindo em 1772 uma amurada de pedra, no trecho entre o pocinho da Glória e o Chafariz, protegendo contra as ressacas. Em 1860 a amurada é prolongada até o Beco das Carmelitas, passando a se chamar “Cais Novo da Glória”.

Antes da construção do Aqueduto da Lapa, o povo se servia das águas do Rio Carioca. 

1776
Em Copacabana, no atual Posto 6, é construída a igrejinha em louvor à Nossa Senhora de Copacabana.
 
Entre 1776 e 1779 é construído o Reduto do Leme, posto de observação construído no alto da atual ladeira do Leme, com objetivo de monitorar a aproximação de eventuais esquadras de navios invasores.

1778
Na cerca do Colégio dos Jesuítas, é construído o Horto Botânico, primeiro jardim público da cidade. Na época o Colégio dos Jesuítas funcionava como Hospital Militar.
 
1779
Em 5 de abril de 1779, toma posse o Vice-Rei, Dom Luís de Vasconcelos, futuro Conde de Figueiró, implementando reformas urbanas de acordo com a racionalidade clássica empregada na cidade de Lisboa, pelo Marquês de Pombal, após o Grande Terremoto de Lisboa de 1755. Em sua administração, em  1783 é inaugurado o Passeio Público, primeiro jardim público da cidade e da América do Sul, projetado por Mestre Valentim, e construído sobre o aterro da lagoa do Boqueirão. O primeiro Passeio Público de Lisboa já tinha sido inaugurado em 1764, pelo Marquês de Pombal.

Demais obras:

Alargamento do Largo do Palácio
Construção do primeiro cais 
Abertura da rua das Belas Noites, atual das Marrecas
Fonte das Marrecas
Casa dos Pássaros, início do Museu Nacional
Reconstrução da Casa da Alfândega

1780
No dia primeiro de setembro de 1780, lançamento da primeira pedra da igreja da Cruz dos Militares, na rua Direita, atual rua Primeiro de Março.

1783
Abertura da rua das Marrecas, em frente ao portão do Passeio Público.

1785
Em função do desenvolvimento da indústria de tecidos em Minas Gerais, um decreto de D. Maria I proibia a manufatura de algodão e tecidos no Brasil.
 
Construção do chafariz da rua das Marrecas.
 
1789
Em função das péssimas condições do chafariz localizado na Praça XV, o vice-rei Luís de Vasconcelos determina a construção de um novo chafariz, executado por Mestre Valentim, sendo inaugurado em 26 de março.

1790
Prolongamento do cais do Largo do Paço, atual Praça XV.

A cidade ganha 100 lampiões e candeeiros acesos diariamente. Inicialmente instalados na rua  Direita (atual Primeiro de Março) e Campo de Santana. 
 
No dia 9 de junho de 1790, toma posse o Vice-Rei, Conde de Resende, que entre outras melhorias, promove o calçamento das antigas valas das ruas do Cano (atual 7 de Setembro),  e da rua da Vala (atual Uruguayana). Abre a rua dos Inválidos e manda aterrar os campos da Lampadosa e de Sant´Anna. O Campo de Santana, se transforma no maior rossio [praça larga] da cidade.

Incêndio no Senado da Câmara, desaparecendo quase todos os documentos do Arquivo da Cidade. 

Inauguração da Ponte de São Christóvão.

1791
Abertura da rua Casa dos Pássaros entre a atual Praça Tiradentes e a rua Senhor dos Passos. Em 1817 a rua é renomeada para Sacramento. 

Abertura da rua dos Inválidos.
 
1792
O vice-rei D. Luiz de Castro aprova a criação da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, iniciando o ensino de disciplinas que seriam a base da engenharia no Brasil.  Mais tarde, em 1858, a então Escola Militar é transformada em Escola Central, permitindo o ingresso de civis e militares, abrangendo três cursos distintos: um curso teórico de Ciências Matemáticas, Físicas e Naturais, um curso de Engenharia e Ciências Militares, e um curso de Engenharia Civil voltado para as técnicas de construção de estradas, pontes, canais e edifícios, ministrado aos não-militares
 
Construção do chafariz da Glória, beneficiando, além doz vizinhos, os viajantes da Zona Sul.

1796
Abertura da rua do Rezende, sobre o pantanal de Pedro Dias.
 
1798
Início da iluminação pública, com lampiões de azeite de peixe.
 
Início da operação do Correio Geral.
 
Abertura da rua Marquês de Abrantes, que passa a ser conhecido como o Caminho Novo, em oposição ao Caminho Velho, atual rua Senador Vergueiro, aberta nos anos de 1500.
 
1799
A cidade  do Rio de Janeiro contava com cerca de 49 mil habitantes, a mais populosa do Brasil.
 
Segundo o Almanaque histórico da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro para 1799, havia na cidade 40 casas de café, 17 casas de pasto e 334 tavernas (incluíam botequins); nove lojas de louça fina e vidro, 18 de ouro lavrado, 41 de prata lavrada; 10 relojoeiros, 85 alfaiates, 24 lojas de ferragens e dois livreiros, além de uma grande quantidade de armazéns, peixarias, quitandas e açougues. Também constavam da relação 20 cabeleireiros, 37 barbeiros e 15 tinturarias.
 
Século XVIII

Na segunda metade do século é plantada a primeira muda de café na cidade, na horta dos frades capuchinhos, na rua dos Barbanos em Santa Teresa. Vieram de Maranhão e logo depois foram, transferidas para Campo Grande, na serra do Mendanha. Logo subiram pelo caminho de Rezende para o vale do Paraíba fluminense, então quase desabitado.