1600 - 1699

Histórico
 
Por volta de 1600 foi aberto o Caminho de Capueruçu, a primeira via em direção à Zona Norte, correspondendo às atuais ruas da Alfândega e Moncorvo Filho. Na mesma época foi aberto o caminho para o Engenho dos Padres, também pra Zona Norte, evitando as áreas alagadas, seguindo pela escarpa do morro de Santa Teresa, correspondendo ao traçado da atual rua do Riachuelo. Esse caminho se juntava ao caminho de Capueruçu nas margens da lagoa de mesmo nome, no cruzamento da atual rua Frei Caneca. Esse ponto, por ser estratégico, passou a receber um posto de sentinela para proteger a cidade, passando a lagoa a receber o nome de Sentinela.

Os Jesuítas constroem a Capela de São Cristóvão, no alto do Campo.

Construção da ermida de Nossa Senhora da Ajuda. Em 1678 foi construído um asilo para mulheres anexo, transformado em Convento de Freiras em 1694.

Entre 1600 e 1604 é construída a ermida de Nossa Senhora da Candelária. Entre 1745 foi iniciada a construção o Mosteiro da Ajuda.

Em 1608, foi criada a vila de Angra dos Reis, o primeiro município desmembrado da cidade do Rio de Janeiro. 


Municípios desmembrados da cidade do Rio de Janeiro
 

Em 1609 foi construída uma pequena ermida, no local da atual Igreja da Candelária. 
 
Em 1610, foi iniciada a ocupação da parte baixa da cidade, descendo o Morro do Castello.

Em 8 de fevereiro de 1615, celebração da primeira missa no Convento de Santo Antônio.

Em 1616, foi criada a vila (município) de Cabo Frio, desmembrada da cidade do Rio de Janeiro.

Em 1616, a ladeira da Misericórdia foi pavimentada.
 
Em 1618, é construída a Fortaleza de São João na Urca.

Por volta de 1624, é construída a Ermida do Desterro, no morro de mesmo nome, atual bairro de Santa Teresa. A primeira pedra do Convento de Santa Teresa foi lançada em 24 de junho de 1750.


1624
Coleção Fundação Biblioteca Nacional


Em 1625, a coroa tentou criar um imposto de exportação, fixado em 80 réis para cada caixa de açúcar exportado pelo Rio de Janeiro, suspenso depois do protesto da Câmara e dos comerciantes.

No mesmo ano foi construída a Capela de São Gonçalo do Amarante na sesmaria de Jacarepaguá, atual Camorim, no Engenho de Correia de Sá, próximo ao Rio Centro.


Capela de São Gonçalo do Amarante em 2014


Em 1627, Jesuítas edificam uma igrejinha dedicada a São Cristóvão. 

Em 1633, foi iniciada a construção da Igreja de São José.

Em 1634, foi criada a Freguesia da Candelária, a segunda dentro da cidade. Em janeiro de 1751 foram criadas as freguesias de São José e de Santa Rita acompanhando o incremento populacional. Em 1762, na Tijuca, foi criada a Freguesia de São Francisco Xavier do Engenho Velho e em 1814 a de Santa Anna do Campo.

Em 1635, o capitão português Baltazar de Abreu Cardoso constrói em suas terras a ermida da Penha.

Em 1639, é construído o Fortim de Santa Margarida na Ilha das Cobras. No mesmo ano foi decidida a transferência da Casa de Câmara do Morro do Castelo para a Várzea.


Primeiros Caminhos por volta de 1640
RF Pereira


Em 1643, visando a drenagem da Lagoa de Santo Antônio, localizada ao lado do Convento de mesmo nome, o valado natural que terminava na Prainha, atual Praça Mauá, foi alargado e retificado, surgindo a rua da Vala, atual Uruguaiana. Como a vala se tornou insuficiente para a drenagem da Lagoa, em 1646 foi construído um cano desde a Lagoa até a Praia do Carmo, de onde surgiu a rua do Cano, atual 7 de Setembro.

Com a secagem da Lagoa, surgiu o Campo de Santo Antônio, a segunda praça da cidade.

O Rio de Janeiro já era considerado o melhor e mais seguro porto da costa brasileira, e um dos melhores do mundo, não só pelo tamanho, mas também pela abundância de mantimentos, madeira e outros itens necessários à construção de navios.

Em 30 de dezembro de 1644, ampliando a divisão do território, quando o Rio de Janeiro contava com as freguesias de São Sebastião (1569) e da Candelária (1634), foram criadas duas novas freguesias:

Freguezia de Nossa Senhora da Apresentação do Irajá
Freguezia de Santo Antonio de Sá

Em 6 de março de 1661, foi criada a Freguezia de Jacarepaguá, desmembrada da Freguezia de Irajá. Em 1673, criação da Freguezia de Campo Grande, formada de parte das Freguezias de Irajá e Jacarepaguá.

Primeiras Freguesias do Entorno da Baía de Guanabara

1569      Matriz e Igreja de São Sebastião  
1634      Nossa Senhora da Candelária         
1646      Nossa Senhora da Apresentação do Irajá  
1646      Santo Antonio de Cassarabú de Macuco  
1646      São João Baptista de Meriti  
1646      São Gonçalo  

Em 6 de julho de 1647, a cidade do Rio de Janeiro recebe do Rei o título de Mui Leal.

No ano seguinte a população do Rio de Janeiro se revolta contra o excesso de impostos lançados sobre produtos e moradores para financiar obras públicas e pagar os soldos da guarnição.

Em 1648 a Câmara lança o projeto de construção de um aqueduto entre a serra da Carioca e o centro urbano. 

Em 1649, os terrenos alagados além da rua da vala foram aterrados para serem transformados em pastagens, em função falta de carne provocada pelo crescimento da população. A área passou a ser chamada de Campos da Cidade.
 
Em 1658 foi construído um aqueduto para condução das águas do rio Carioca até a caixa construída na rua dos Barbonos (atual Evaristo da Veiga). Em 1718 a canalização foi prolongada até o Largo da Carioca, onde em 1723 foi construído um chafariz. Em 1745 a canalização foi substituída pelo atual aqueduto da Lapa.

Em 1658, a cidade do Rio de Janeiro, além do colégio dos Jesuítas, estabelecido em 1568, contava com três conventos de frades: o dos Benedictinos, dos Carmelitas e dos Franciscanos.
 
Em 1660, revolta popular por questões fiscais depõe o Governador Tomé de Alvarenga e o substitui por Jerônimo Barbalho.

Em 8 de novembro de 1660, insurreição popular contra a oligarquia dos Sá.

Em 1661, função da grande distância da matriz de Irajá, é criada a Freguesia de Nossa Senhora do Loreto e Santo Antônio de Jacarepaguá. Em 1664 foi construída a nova Matriz no atual bairro da Freguesia.

Entre 1565 e 1665 foram concedidas 577 sesmarias no entorno da Baía de Guanabara.
 
Em 1667 é aberta a rua da Carioca.

Em 1670, é construída a primeira capela no alto do morro da Glória, demolida em 1714 para ser substituída por um novo templo concluído somente em 1739.

Construção da Ermida de Nossa Senhora do Livramento, entre os sítios do Valongo e da Saudade. 
 
Em 1673, no governo de João da Silva e Sousa, início da construção do aqueduto do morro do Desterro (Sancta Thereza) até o Centro da Cidade. A obra é concluída somente em 1723, com a inauguração do Chafariz do Campo de Santo Antônio, atual Largo da Carioca, com 16 bicas de bronze. Suas águas escoavam pela rua da vala, atual rua Uruguayana.

Em 1676 é criado o bispado do Rio de Janeiro, sendo Dom Frei Manuel Pereira o primeiro titular da Sé Episcopal. A igreja do Rio de Janeiro foi elevada à categoria de Cathedral.

Em 1697, a Freguesia de Santo Antonio de Sá é elevada à categoria de vila. Foi a primeira freguesia desmembrada do Rio de Janeiro que se transformou em município. Em seguida foram emancipadas as seguintes freguesias:

1789        Magé
1814        Maricá
1817        Niterói
1818        Itaguaí
 
Em 1698 Garcia Rodrigues foi autorizado a construir o Caminho Novo, entre o fundo da baía de Guanabara e as Minas Gerais, encurtando a viagem em 15 dias. Até então o único caminho para Minas Gerais era por São Paulo, via Paraty e Guaratinguetá. O novo caminho, assim como o antigo, não permitia a circulação de carruagens, apenas de mulas, mais resistentes nas subidas e descidas íngremes.
 
"Em 1699, o Brasil enviava oficialmente para Lisboa 725 kg de ouro; em 1703, 4.350 kg; em 1712, 14.500 kg, a que deve ser acrescida uma quantidade enorme que era contrabandeada. Calculava-se a população engajada na mineração em 30 mil pessoas, que deveriam ser alimentadas e vestidas, sem que a região mineira produzisse quase nada. Tudo vinha de fora, e a maior parte vinha do Rio, que em 1693 passava a centralizar a administração da região das minas e logo teria a sua própria Casa da Moeda, onde era feita a fundição de metais preciosos." Carlos Kessel (1)

Em 17 de março de 1699, inauguração da primeira casa da moeda da cidade, que funcionou em caráter provisório durante alguns anos. Em 1702 foi assinada a carta régia que transferiu para o Rio de Janeiro a casa de cunho de moeda, até então estabelecida na Bahia. No ano seguinte foi instalada definitivamente no Rio de Janeiro. 


Morro do Castello a acrópole Sebastiana, sede da lei do altar e do ensino


Vídeo - Freguesias e Villas da Capitania do Rio de Janeiro nos séculos XVI e XVII

Vídeo - Caminhos do Rio de Janeiro no século XVII


REFERÊNCIAS:

Os trilhos da Estrada de Ferro da Tijuca. A Voz da Nação. Rio de Janeiro. 02 outubro 1858. p.3.

BERGER, Paulo. As Freguesias do Rio Antigo, vistas por Noronha Santos. Edições O Cruzeiro. Rio de Janeiro. 1965, junho.

CAVALCANTI, Nireu. O Rio de Janeiro Setecentista, a Vida e a Construção da Cidade da Invasão Francesa até a Chegada da Corte. 2014

FILHO, Nestor Goulart Reis. Evolução Urbana do Brasil, 1500-1720

SANTOS, Paulo. Quatro Século de Arquitetura, 1965

SANTOS, Paulo. Formação de Cidades no Brasil Colonial, 1968

Barra da Tijuca ficou sem suas peças históricas. O Globo. Rio de Janeiro. 16 dezembro 1968. 

TEIXEIRA, João. Descrição de todo o marítimo da Terra de Santa Cruz chamado vulgarmente o Brasil. 1640. Coleção Cartográfica da Torre do Tombo, Lisboa, Portugal.

WETZEL, Herbert Ewaldo. Mem de Sá, Terceiro Governador Geral (1557-1572). Conselho Federal de Cultura. Departamento de Imprensa Nacional. Rio de Janeiro. 1972. 

PARANHOS, Paulo. A História do Rio de Janeiro. Primeira Edição. 1983.